segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos

Síntese Reflexiva, desenvolvida a partir do texto Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Da autora, Maria Teresa Esteban.


Uma polêmica em relação ao exame
O exame é uma consequência das concepções sobre a aprendizagem, e isso não transforma o ensino. E o exame não resolveu os problemas da educação, pelo contrário criou ainda mais.
O exame, um problema de história e sociedade
Os fundamentos conceituais do exame, são expressos por meio de noções como: qualidade da educação, eficiência e eficácia do sistema educativos, maior vinculação entre sistema escolar e necessidades sociais. A ordem era “fazer mais com menos”. O exame era usado como instrumento que reconhece um conhecimento, mas não indica o saber do sujeito. Antigamente o exame era usado como instrumento criado pela burocracia chinesa para eleger os membros das classes inferiores. E na Idade Média não havia exames ligados à prática educativa. E que a partir do século XIX que começaram a atribuir notas ao trabalho escolar. A prática do exame não é um instrumento justo, quando a estrutura social envolvida é injusta. E essa prática é baseada em mecanismos de poder: da sociedade, da instituição educativa e dos docentes.
Primeira inversão: Problemas sociais em problemas técnicos
Ao exame eram atribuídas as funções de determinar promoção, permitir o ingresso de um indivíduo em um sistema particular ou legitimar o saber de um indivíduo através da certificação ou da outorga de um título profissional. Os problemas de ordem social: possibilidade de acesso à educação, justiça social, estratos de emprego, estrutura de investimento para o desenvolvimento industrial etc. São transladados a problemas de ordem técnica: objetividade, validade, confiabilidade.
Segunda inversão: De problemas metodológicos a problemas de rendimento
Aqui o exame deixou de ser ligado ao método da aprendizagem. E apareceram as novas funções do exame, que são: certificar e promover, sendo um instrumento ideal de controle.
Terceira inversão: O exame como um problema (de controle) científico no século XX. Em direção ao empobrecimento do debate educativo.
Nessa inversão, foi onde houve uma evolução do pensamento do exame, onde ele se transformou num mecanismo de controle. Onde haviam provas de inteligente que constituiu uma maneira para justificar as diferenças sociais. O teste foi considerado como um instrumento científico, válido e objetivo que poderia determinar uma infinidade de fatores psicológicos de um indivíduo. Esses testes de inteligência eram usados para ser mais uma maneira de justificar a necessidade de eliminar os que não deviam estar na escola, ou seja, era maneira de efetuar uma discriminação. O termo exame, foi substituído pelo termo prova objetiva, mas sempre com a mesma promessa, de controle, democracia e objetividade. Aqui foram reduzidas quaisquer preocupações com os problemas da educação e o debate se converteu em algo centrado na problemática de construção de provas, tipos de prova, validação estatístico do exame e atribuição estatística de notas. E vemos que atualmente toda noção de avaliação da aprendizagem remete a uma medição. O professor já não é mais um agente a favor da aprendizagem, passando a ser mais um “operário” na linha de produção da “fabrica” educativa. Onde sua função é avaliar, mas não avaliar o que realmente o sujeito aprendeu, avaliar a partir do exame. A tarefa educativa não deve contribuir para formar estudantes com pensamento próprio, senão estudantes que mostram o repertório de condutas que tem sido preestabelecida como modelo de aprendizagem. [...] os prazeres pelo saber têm sido expulsos da relação pedagógica. A preocupação desta visão instrumental da pedagogia é só como melhorar tecnicamente o exame, como identificar fórmulas estatísticas que transitam do paramétrico ao não paramétrico.
A modo de conclusão
Portanto, o exame se torna um espaço de conflitos entre problemas de diversão índoles. A nota é uma convenção através da qual a escola e o professor certifica o conhecimento. Há a necessidade de transformar novamente a escola em espaço de refletir, debater, e organizar pensamentos, quanto isso acontecer o ato de examinar se tornará secundário.
Referências Bibliográficas
BARRIGA, Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In: ESTEBAN, Maria Tereza (Org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 5. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p. 51-82.

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