domingo, 23 de novembro de 2014

Ser professora: Avaliar e ser avaliada.

Fichamento realizado sobre o texto Ser professora: Avaliar e ser avaliada. Da autora Maria Teresa Esteban


ESTEBAN, Maria Teresa. Ser professora: avaliar e ser avaliada. In: ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Escola, currículo e avaliação. 2.ed. São Paulo, Cortez, 2005, p. 13-37.

1. Ser professora: avaliar e ser avaliada
“Avaliar, como tarefa docente, mobiliza corações e mentes, afeto e razão, desejos e possibilidades. É uma tarefa que dá identidade à professora, normatiza sua ação, define etapas e procedimentos escolares, media relações, determina continuidades e rupturas, orienta a prática pedagógica.” (p.14)
De fato o ato de avaliar para o professor não é um momento nada fácil, pois o que avaliar de um aluno, só a nota da prova? Sua participação em sala? O seu comportamento? Além de todos esses questionamentos o professor tem que ter em mente que além de avaliar o aluno, ele é responsável pela sua identidade, relações, e talvez o futuro do aluno.
“[...] a avaliação classificatória não proporciona espaços significativos para um diálogo profundo, em que o processo e seus resultados possam ser compartilhados pelos sujeitos nele envolvidos.” (p.14)
A autora foi muito feliz nessa citação, pois realmente de que se vale classificarmos os alunos por meio de notas, se isso não pode ser usado como uma forma de aprendizagem para o aluno ou para seus companheiros.
“A avaliação classificatória configura-se com as ideias de mérito, julgamento, punição e recompensa, exigindo o distanciamento entre os sujeitos que se entrelaçam nas práticas escolares cotidianas.” (p.15)
Realmente a avaliação como forma de classificar os alunos favorece o distanciamento entre os participantes da relação ensino aprendizagem, e essa avaliação visa o julgamento onde irá verificar se o aluno aprendeu ou não, a punição se dá quando o aluno não vai bem na avaliação e fica em recuperação ou reprovado, e a recompensa é a aprovação.
“[...] a avaliação quantitativa expressa, no âmbito escolar, a epistemologia positivista que conduz uma metodologia em que a manipulação dos dados tem prioridade sobre a compreensão do processo.” (p.16)
Na avaliação quantitativa, não importa se o aluno realmente aprendeu o conteúdo, se ele sabe o por que alguma resposta foi daquela maneira, o que importa mesmo é se ele tirou uma boa nota, se foi bem nas avaliações.
“[...] a professora encontra meios para fragmentar o conhecimento nas disciplinas escolares, fragmentar os alunos e alunas em partes observáveis, que podem ser quantificadas, medidas, comparadas, classificadas e receber um valor que é registrado e que informa a posição dos estudantes na hierarquia da sala de aula, de escola e da sociedade.” (p.17)
Nessa citação é possível identificarmos uma prática que realmente acontece, temos a hierarquização que é produzida pelos próprios sujeitos do ensino e aprendizagem onde aqueles que tiram melhores notas são os melhores, conseguem os melhores empregos, e os que tem notas piores terão piores empregos, recebem uma classificação totalmente errada.
“A prática de avaliação, que pretende medir o conhecimento para classificar os(as) estudantes, apresenta-se como uma dinâmica que isola os sujeitos, dificulta o diálogo, reduz os espaços de solidariedade e de cooperação e estimula a competição.” (p.17 - 18)
Esse modelo de avaliação de modo quantitativa, não traz consigo o que se busca no aprendizado, na verdade traz o contrário, a busca por ser melhor que o colega, a falta de ajuda, conversação, nesse modelo não há a busca pela interatividade ou pela aprendizagem em si, aqui há na verdade maneiras de se “medir” o conhecimento de um e de outro.
“[...] o mau (ou bom) rendimento produz o mau (ou bom) aluno.” (p.18)
É uma afirmação um pouco forte, mas que é bem comum de ser escutada por algumas pessoas, porém, é algo que não pode ser dito com certeza, pois não podemos separar bons e maus alunos através do seu rendimento em termos de nota.
A professora no espelho
“A professora é apresentada como o sujeito que atua sobre os alunos e alunas transformando-os em objetos de conhecimento no processo avaliativo.” (p.19)
Muitas vezes esse é o papel do professor, ser o sujeito que nos transforma em objeto, isso para apenas sermos um material de avaliação, muitas vezes nem se perguntando se realmente entendemos determinado assunto, o porquê disso ou daquilo, e preocupados com o momento avaliativo,
“A avaliação remete a uma ação da professora sobre os alunos e alunas, muitas vezes vista como uma relação de poder.” (p.20)
Vemos quase que diariamente essa ação com alguns professores, seja expressando essa relação de poder perante o aluno fazendo “provas para reprovar”, fazendo exercícios dificílimos e que não trazem nenhum aprendizado real, completamente vazio de significado a não ser para demonstrar sua “força” perante os alunos.
“A professora sabe, ou intui, que ao recortar alunos e alunas recorta a si mesma, que ao expô-los expõe-se, que ao avaliá-los avalia-se e é avaliada.” (p.22)
Enganado o professor que pensa que quando reprova um aluno não está reprovando a si mesmo, pois como avaliar os alunos sem se avaliar? A avaliação pode ser feita pelos alunos no momento em que falam de sua maneira de ensinar, e de como isso pode ter influenciado no momento da avaliação.
“As notas, os conceitos, as fichas, são apenas aproximações, traduções, recortes, limites.” (p.23)
Isso é uma grande verdade, pois nem sempre um aluno que tira uma boa nota sabe mais do que um outro que tirou uma nota baixa, isso pode acontecer por n fatores, por algum motivo ele não estava bem na hora da avaliação, estava com algum problema, “deu um branco”. Enfim qualquer um desses ou outros motivos pode fazer com que ele tire uma nota ruim.
“No cotidiano escolar, avaliando e sendo avaliada, a professora vai aprendendo duas lições contraditórias: é preciso classificar para ensinar; e classificar não ajuda a ensinar melhor, tampouco a aprender mais – classificar produz exclusão e para ensinar é indispensável incluir.” (p.23)
São pensamentos totalmente contraditórios, e a educação é bem isso mesmo, precisamos classificar, mas isso não é bom para ensinar e nem aprender, e essa classificação gera uma exclusão, mas na verdade o propósito da educação é incluir e não excluir, por isso precisam ser pensar novas práticas para se avaliar.
“A avaliação qualitativa tenta responder à impossibilidade de a avaliação quantitativa aprender a dinâmica e a intensidade da relação aprendizagemensino, [...]” (p.26)
Certamente nesse ponto a avaliação qualitativa vende a quantitativa, mas não necessariamente isso ocorre sempre, por exemplo, quando o aluno não quer participar da atividade, como avaliar? Dando uma nota ruim? São perguntas difíceis de darmos respostas concretas.
“[...] a avaliação qualitativa continua sendo uma prática classificatória.” (p.27)
Mesmo sendo uma avaliação qualitativa, ela irá continuar sendo classificatória porque alguém terá que ter seus critérios para avaliar o aluno, e seus critérios muitas vezes não podem ser medidos de uma maneira correta, por exemplo, como avaliar a participação de um aluno? Dando mais ponto para o que fala mais, e menos para o que menos fala? As vezes os dois estão tendo a mesma importância em aula, é algo muito relativo. Desafios para uma prática tecida no cotidiano
“É na escola que encontro pistas e evidências de que a avaliação precisa, transformar-se e de que diariamente ela vem sendo transformada por quem a realiza.” (p.30)
Assim como fala ESTEBAN, realmente há, uma necessidade de que a cada dia se renove a maneira de como avaliar o aluno, seja descobrindo novas maneiras de medir seu conhecimento, não necessariamente através de provas, enfim, que seja de uma maneira não apenas para classifica-lo perante aos colegas, a sociedade e a si mesmo.
“Como avaliar o outro se o conhecimento é visto como compreensivo e íntimo por estar o sujeito vinculado ao conhecimento?” (p.31)
Quem é melhor para saber se aprendeu ou não a não ser o próprio aluno? Nas maneiras de avaliação feitas hoje em dia, só há avaliação se for por meio de provas, trabalhos, e são maneiras que muitas vezes não condizem com o que o aluno realmente aprendeu.
“Para avaliar, é preciso produzir instrumentos e procedimentos que nos ajudem a dar voz e visibilidade ao que é silenciado e apagado. Com muito cuidado, porque a intenção não é melhor controlar e classificar, mas sim melhor compreender e interagir.” (p.32)
Portanto, como a autora cita, podemos ver como é difícil desenvolver outros métodos que fujam da realidade de classificar o aluno como melhores e piores, existe uma necessidade de ao invés disso fazermos com que o aluno compreenda o assunto da melhor maneira possível, sem ter a pressão de ser avaliado de maneira classificatória.

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