Para obtermos resultados novos no
ensino-aprendizagem precisamos de novos hábitos, novas maneiras de fazer a
avaliação, mas não só isso, temos também de exercê-los. Por mais necessário que possa ser,
não é fácil para os educadores exercer esses novos hábitos que priorizam o
exame ao invés da avaliação.
A respeito da avaliação da
aprendizagem, os educadores estão presos aos padrões de compreensão e de conduta
que vem do século XVI, e continua até hoje. Esse processo usa de mecanismos de
disciplinamento através do poder, de controle de pessoas e de grupos e usam a
escola para tal operação.
A escola é o lugar onde a ameaça e
o castigo são usados para disciplinar, para que os alunos aprendam e assumam
condutas, muitas vezes que não fazem parte da maneira como pensam. O
disciplinamento não pode ser confundido com disciplina, pois o primeiro é usado
como forma de controle sobre o indivíduo.
Por não ser fácil desconstruir o
hábito de avaliar a partir do exame, não devemos condenar os educadores que se
utilizam dessa prática, pois ela foi construída a séculos, e se tornou
resistente a mudanças. Então para que esse hábito seja revisto, temos de agir
em conjunto com os professores, para que possa ser incorporado uma nova visão e
um novo modo de avaliar, avaliar ao favor da aprendizagem.
Hoje em dia os exames escolares não
produzem resultados bem-sucedidos, mas aprendemos com ele a necessidade de
acompanhar os alunos. O exame é voltado para o produto e não para o processo,
por isso o modo de compreender não é importante aqui. Atualmente vivemos em um modelo de
sociedade que é excludente, e isso também torna difícil a mudança da maneira de
avaliar, pois o modelo de avaliação da aprendizagem é democrático e inclusivo,
o que se opõe ao que vivemos em nossa sociedade.
Para agirmos de maneira
inclusivamente e democraticamente quando a sociedade prega a exclusão devemos
agir de forma crítica e ter a vontade de se confrontar esse modelo que já não é
mais eficaz. Outra coisa que faz com que seja
difícil a mudança de costume é que os educadores que viveram uma forma de
avaliar durante toda sua vida e é esse modelo que eles tendem a exercer quando
estão ensinando e avaliando, ou seja, da forma como foram examinados, examinam.
Para o professor que deseja
trabalhar pedagogicamente, avaliar a favor da aprendizagem é necessário assumir
uma consciência clara que estão rompendo uma prática exclusiva, e estão em
defesa da inclusão.
Não dá para obter novos resultados
usando práticas antigas, para novos resultados se faz necessário novas
práticas, ou seja, é preciso mudar. A avaliação da aprendizagem oferece
os recursos para se diagnosticar uma ação ou resultado qualquer, e intervir
nela para que se encaminhe na direção desejada, pois avaliar é um aliado para
produzirmos bons resultados.
Portanto, se quisermos mudar do ato
de examinar para a avaliação da aprendizagem tem de se ter o propósito de nunca
mais atuar de maneira examinativa em aula.
Referências
Bibliográficas
LUCKESI,
Cipriano Carlos. De examinar para avaliar, um trânsito difícil, mas necessário.
In: LUCKESI Cipriano Carlos. Avaliação
da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez,
2011, p.67-72.
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